Durante a COP30, em Belém, a GWM reforçou sua atuação como uma das principais impulsionadoras da transição energética globalmente ao apresentar o JAQ H1, primeira embarcação a hidrogênio da América Latina. O barco, idealizado como plataforma de educação ambiental e tecnologia aplicada, permitiu ao público entender na prática o funcionamento do sistema a hidrogênio e suas aplicações no contexto amazônico e mundial, além do seu potencial para reduzir emissões em diferentes modais.
JAQ H1: um laboratório flutuante de energia limpa
O JAQ H1 utiliza hidrogênio para alimentar todo o sistema elétrico de bordo, climatização, iluminação, equipamentos internos e instrumentos operacionais. Essa configuração torna a embarcação um modelo híbrido e demonstra como a tecnologia poderá ser aplicada em diferentes cenários, inclusive será utilizada em futuras soluções para a propulsão do barco nas próximas fases do projeto. Todo o processo de armazenamento, abastecimento e conversão do hidrogênio em energia limpa ocorre no contêiner instalado no convés.
Onde tudo começa: os tanques de hidrogênio
Na parte traseira do contêiner, localizado na popa da embarcação, estão instalados 14 tanques de armazenamento feitos de fibra de carbono que, juntos, comportam cerca de 129 kg de gás hidrogênio comprimido, sendo aproximadamente 9 kg por cilindro. A embarcação pode ser abastecida por ambos os lados, facilitando a operação e garantindo maior flexibilidade logística, já que o hidrogênio é adquirido de fornecedores especializados. Esses tanques são responsáveis por armazenar e fornecer o combustível limpo que alimenta todo o sistema elétrico do barco.
Da armazenagem à geração: como a célula a combustível transforma hidrogênio em eletricidade
A partir dos tanques, o hidrogênio é direcionado para a célula a combustível do tipo PEMFC (Proton Exchange Membrane Fuel Cell), uma tecnologia de baixa temperatura amplamente utilizada em aplicações de mobilidade avançada. É dentro dessa célula que acontece o processo que gera energia: o hidrogênio se encontra com o oxigênio do ar, a membrana interna separa suas partículas e os elétrons são direcionados para um circuito externo. Esse movimento dos elétrons é justamente o que produz eletricidade. Não há combustão, faísca ou queima de material, apenas uma reação química controlada, silenciosa e extremamente limpa, cujo único subproduto é vapor d’água.
No JAQ H1, a célula opera com potência de 80 kW e eficiência aproximada de 58%, alinhada aos padrões internacionais para PEMFCs de uso embarcado. O sistema utiliza água do mar para resfriamento, mantendo a operação estabilizada em torno de 70°C, muito abaixo das células como as Óxido Sólidos (SOFC) de alta temperatura que podem ultrapassar os 1.000°C. Além disso, antes de ser devolvido ao ambiente, o ar que entra no sistema passa por uma filtragem, retornando à atmosfera ainda mais limpo do que quando entrou.
Da célula para as baterias: o coração elétrico do JAQ H1
A energia gerada pela célula não vai diretamente para o barco. Antes, ela passa por um conjunto de painéis de controle, que regulam tensão e corrente para garantir que nada danifique as baterias e o sistemas da embarcação.
As baterias formam o sistema BESS (Battery Energy Storage System), com capacidade de cerca de 180 kWh, o que é suficiente para suprir o consumo elétrico médio de uma residência típica brasileira durante um mês. É esse sistema que entrega, de forma estável e silenciosa, a energia necessária para todas as funções elétricas do barco.
Em termos energéticos, o hidrogênio é até seis vezes mais eficiente que painéis solares em embarcações: enquanto a eletricidade fotovoltaica, em seu uso real, aproveita apenas cerca de 10% da radiação captada, a célula a combustível pode atingir 60% de eficiência, em seu uso real,em geração direta, assegurando pelo menos 10 dias de energia com todos os sistemas elétricos do barco ligados.
Por que isso importa para a Amazônia e para o Brasil
A navegação amazônica tem características únicas: rios extensos, longas distâncias, necessidade de silêncio e impacto ambiental mínimo. Por isso, o hidrogênio se mostra particularmente adequado.
O JAQ H1 demonstra que é possível produzir eletricidade a bordo sem gerar ruído, poluentes ou resíduos, contribuindo para um modelo de navegação mais limpo em áreas sensíveis. O barco também cria uma base de conhecimento para aplicações futuras, sejam elas de propulsão, apoio logístico, transporte de passageiros, monitoramento ambiental ou uso industrial.
A GWM e o hidrogênio: muito além do automóvel
O JAQ H1 faz parte da estratégia global da GWM Hydrogen powered by FTXT, que desenvolve tecnologias para diversos setores. “Ao trazer essa tecnologia para dentro do JAQ H1 durante a COP30, a GWM reforçou sua visão de transformar o hidrogênio em uma solução acessível, escalável e aplicável em diversos cenários da mobilidade. Nosso objetivo como companhia foi demonstrar, em campo, que o hidrogênio pode alcançar desde grandes indústrias até pequenas comunidades, passando por diferentes modais”, afirmou Davi Lopes, Head da GWM Hydrogen-FTXT Brasil.
A FTXT é a subsidiária da GWM na China responsável pelo desenvolvimento de tecnologias de célula a combustível e componentes para que utilizam o hidrogênio. Fora do país asiático, ela adota a marca GWM Hydrogen, reforçando o posicionamento global da empresa nesse segmento.